27 de abril de 2008

No blog que mantive no ano passado, conversei com meus leitores sobre alguns deuses gregos, Apolo, Dioniso, Hefésto e outros. Agora estou aqui para conversarmos sobre as deusas gregas, e assim entender um pouco melhor nossas amigas, mães, chefas ou namoradas. Este método para compreender a psique de cada um de nós e as características das personalidades dos deuses gregos foi realizado por Foi Jean Bohlen Shinoda, uma psicóloga americana, a pioneira no estudo dos arquétipos representados pelas deusas gregas para compreender a personalidade das mulheres atuais. Foi Shinoda quem abriu as portas de minha mente para este vasto universo da análise simbólica da mitologia grega.

Aprendi com outro americano, Joseph Campbell, que ao lermos um mito devemos prestar atenção na atitude dos personagens perante seu destino. Se tomarmos as mesmas atitudes (enfrentar, fugir, negar, por exemplo), nosso destino também será semelhante ao do personagem. Podemos aprender com as deusas invulneráveis a nos realizarmos. Podemos aprender com Ártemis, a ser independentes; com Atena, a ter sucesso profissional; com Héstia; a gostar de nós mesmas.. Mas cuidado - o risco de quem não precisa dos outros é a solidão, e quem busca o sucesso acima de tudo não tem tempo para os sentimentos, nem para as relações.

Pois as deusas vulneráveis, Demeter, Hera e Core, também têm lições a nos dar. Elas vivem para as relações. Se agirmos como elas, podemos conhecer e vivenciar as alegrias e tristezas de sermos mães, esposas ou filhas. O que também exige cuidado - quem vive para os outros, para as relações, pode não ter tempo de cuidar de sua realização. E acaba negligenciando seu lado Ártemis, ou Héstia.

E há ainda Afrodite. Shinoda a chama de deusa “alquímica”, porque ela é independente como as invulneráveis, e precisa da relação, como as vulneráveis.

As deusas gregas, ou seus padrões de comportamento, estão presentes na psique de todas as mulheres. Ora nos identificamos com uma, ora com outra, dependendo da situação. Você pode se sentir tímida como uma Core ao chegar a uma festa, e brilhar como Afrodite quando começar a se sentir à vontade.

Mas há sempre uma deusa com a qual nos identificamos mais. Por isto dizemos de alguém que é Atena, Afrodite ou Héstia. Todas nós trazemos todas deusas dentro de nós. Durante séculos, o patriarcalismo condenou a “mulher de boa família” a viver exclusivamente três papéis - o de Demeter, a mãe, Hera, a esposa, ou Core – a filha.

As deusas invulneráveis, independentes demais, foram banidas. Ártemis, a caçadora, foi proibida de sair de casa, Atena, a dirigente, a estrategista, foi obrigada a fazer tricô e Afrodite – bom, Afrodite nunca foi de boa família. A partir da Segunda Guerra Mundial, que abriu espaço no mercado de trabalho, nas universidades, nos governos, para as mulheres, e o movimento feminista, as deusas invulneráveis Ártemis e Atena passaram a ser reconhecidas e valorizadas. E Afrodite, a deusa do amor, continuou existindo e conquistou novos espaços. O desejo do ser humano de amar e ser amado é atemporal.

Convido quem quiser a estar aqui próximos domingos para conversarmos sobre cada uma delas: Ártemis, Atena, Héstia, Demeter, Hera, Core-Perséfone e Afrodite.