10 de novembro de 2012

A Transformação

Eduardo sonhou que estava num bar imenso, onde ia tocar com sua banda. Neymar, o jogador de futebol, ia tocar também, ele sabia tocar, mas estava tocando os acordes errados. Eduardo localizou no celular, via internet, a partitura da música que iam tocar e mostrou para o Neymar. Nesse momento, Eduardo viu uma mulher linda, mas achou que não era para o "bico dele" e foi sentar num canto do bar. Para a sua surpresa, a mulher veio em sua direção e sentou ao seu lado, bem encostadinho.
Esse sonho mostra o quanto Eduardo havia avançado em seu processo terapêutico. Tempos atrás ele tinha sonhado que Neymar, seu aspecto masculino inconsciente, estava amarrado. Nesse sonho ele está livre, desenvolvendo uma nova habilidade, indicando que Eduardo estava conseguindo transformar seu lado arrogante em algo criativo.
No primeiro sonho de Eduardo, o feminino aparece apenas com pernas, com o tempo apareceu em seu sonho como uma cachorrinha, nesse ela surge em seu aspecto humano e inteira, indicando que houve também crescimento no aspecto feminino de Eduardo. A terapia estava avançando, Eduardo estava se tornando mais ele mesmo: mais solto e atraente, sem receio de se aproximar das mulheres.

27 de outubro de 2012

Tornando-se adulto

Eduardo não sabia se era um sonho ou uma imagem, pois parecia real: "Eu e o meu pai estávamos num barco pescando, o meu pai desapareceu e eu tinha que pescar sozinho, pensei: e se eu pescar um peixe envenenado?"
Essa é uma boa imagem que mostra um fato muito real: o filho deve aprender a pescar com o pai, mas chega um momento em que o pai tem que sair de cena e o filho tem que seguir sozinho o seu caminho. Tem que pescar sozinho, mesmo que isso seja perigoso, isto é, que aja peixes envenenados no rio. É o momento em que o individuo deixa de viver o papel de filho para tornar-se um homem adulto. Eduardo estava nesse momento, mas tinha medo de não ser capaz de caminhar com suas próprias pernas.
É incrível a semelhando desse sonho com um conto de fadas: Era uma vez um pescador que tinha um filho...

21 de outubro de 2012

Sonhos e Contos de Fadas

Quando li pela primeira vez um livro de Marie Louise Von Franz, uma discípula de Jung, sobre  interpretação de contos de fadas, fiquei fascinada: senti que um novo universo abria-se a minha frente. Contos que antes pareciam bobos, quando compreendidos em seu sentido simbólico tornavam-se ricos de significados. Mas, você pode perguntar, "qual é a utilidade de aprender a interpretar contos, não é como pesquisar o sexo dos anjos?" A resposta estava no próprio livro: tanto os sonhos quanto os contos utilizam-se da mesma linguagem: a simbólica. Ao aprendermos a interpretar contos, estamos aprendendo a interpretar sonhos e é compreendendo os sonhos que compreendemos as pessoas.
Um bom exemplo é a afirmação de Marie Louise: um fator comum nos contos de fadas é que sempre que o personagem relaciona-se  bem com o cachorro ele tem um final feliz, e quando acontece o contrário, o personagem não é o herói e sim o vilão. Assim, simbolicamente, relacionar-se bem com o cachorro nos sonhos, significa relacionar-se bem com o seu lado instintivo.

6 de outubro de 2012

Sonho - a tristeza

Eduardo e sua namorada se separaram, isso o deixou muito deprimido, nesse dia ele teve o seguinte sonho: 
"Era noite. Eu estava na Marginal Tietê. Vi que havia uma floresta no meio da Marginal, quando cheguei perto da floresta vi um caminhão com baú atrás, parado. Eu e uma cachorrinha entramos no baú e dormimos abraçados. O caminhão movimentou-se, mas não acordei. Quando amanheceu a porta do baú abriu-se e a cachorra foi embora. Fui olhar pela janelinha da carroceria para ver quem estava dirigindo e vi que era ninguém, nesse momento entrou luz no baú. Eu estava com receio de que a cachorra não voltasse."
O fato de ser noite, de estar na Marginal (lugar que ele considerava  sombrio), dentro de um baú, mostram a tristeza de Eduardo. O fato de ninguém estar dirigindo o caminhão, demostra que ele não se sentia capaz de tomar as rédeas de sua vida. O feminino aparece como uma cachorrinha, um ser irracional, porém capaz de amor, carinho e lealdade. Ele sente falta do feminino (a namorada), mas ainda não era capaz de vê-la como uma criatura completa, humana, igual a ele, com quem ele pudesse dividir seu destino. A luz que entra no baú ao final do sonho, no entanto, representava uma esperança.

29 de setembro de 2012

Sonho - mãe devoradora

Eduardo sonhou que estava com a namorada num estádio de futebol.  Ele entrou num quartinho embaixo da arquibancada. Lá, ele viu sua mãe, sua irmã e o Neimar. Neimar estava deitado de costas, com as mãos e os pés amarrados para trás. A mãe do Eduardo enfiou uma espécie de metal no ânus do Neimar. Eduardo  perguntou porque ela estava fazendo isto, ela respondeu que era assim que se fazia na classe média. Ele voltou para o lugar onde a namorada o esperava.
Eduardo descreveu Neimar como sendo um grande jogador, muito profissional e eficiente, mas, também arrogante.
O sonho se passa em dois planos: o da superfície, o estádio, onde Eduardo leva sua vida normal e passeia com sua anima. Na realidade, Eduardo estava apaixonado e vivendo momentos felizes.
Em outro plano, embaixo da arquibancada, no mundo inconsciente de Eduardo, as coisas não iam tão bem. Lembrem-se que no sonho anterior a namorada dirigia o avião, nesse a mãe tortura  Neimar, que representava um aspecto masculino, o de profissional bem sucedido de Eduardo. Assim, para tornar-se o homem que desejava ser Eduardo ainda precisava libertar-se dos resquícios da dominação de sua mãe.

23 de setembro de 2012

O Feminino no comando

Depois de um certo tempo, Eduardo, que estava com uma nova namorada, teve o seguinte sonho: uma mulher simples (sem maquiagem, com uma blusa com alcinhas) estava dirigindo um avião e ele estava ao lado. Eles estavam indo para Campinas. O avião não subiu muito, ele pensou: é normal, pois Campinas é muito perto. A piloto disse que o avião estava com problemas, por isso aterrizou em São José dos Campos. Ela fez que ia vomitar, disse que não estava muito bem, mas o olhou de uma maneira como se dissesse: eu não tenho nenhum problemas, só estou fazendo charminho para você cuidar de mim.
O Ego não está na direção. Quem dirige o avião é o aspecto feminino de Eduardo, sua anima, aqui, ao invés de ser vista como inferior (só pernas ou mergulhada no cocô). a anima é vista  como superior. Seu medo de ser dominado por uma mulher volta a manifestar-se: ora ela no comando, ora fazendo chantagem emocional.

15 de setembro de 2012

O feminino depreciado

Eduardo sonhou; "Uma colega de trabalho estava passando mal do estômago. Eu disse que cuidava dela, porque estava acostumado com pessoas bêbadas. Eu a segurei, mas ela foi ao mictório e começou a vomitar. Quando vi ela estava dentro da privada misturada entre o cocô e o chichi."
Esse sonho o lembrou o fato da mulher, pela qual ele estava apaixonado, ter bebido muito numa balada e ele tê-la levado para fora, quase a carregando no colo. Contou outras situações,  nas quais ele cuidou de mulheres bêbadas.
Vejam que a imagem do feminino continuava depreciada, a mulher confundia-se com o cocô, em suma, ele considerava  a mulher "uma merda". E ele agia de maneira maternal com as mulheres, afinal ele havia aprendido com a mãe a cuidar dos outros.
Ele comprou um "carrão", mas descobriu que isto não funcionava para conquistar as mulheres, porque, quando ele chegava numa balada o carro ficava no estacionamento e nenhuma mulher via com  que carro ele chegava. Em suma, estava começando a descobrir que não era a aparência que o faria conquistar uma mulher e sim mudar sua imagem do feminino.

9 de setembro de 2012

O feminino e a mãe

Eduardo contou o seguinte sonho: "Minha mãe me deu uma marmita. Fui trabalhar, chegou a hora do almoço, eu não sabia como esquentar a marmita sem que as pessoas vissem. Decidi esquenta-la no micro-ondas que estava na sala do meu chefe. Não sei se cheguei a esquenta-la e se a comi."
A primeira imagem que o homem tem de uma mulher é a da mãe. Assim, não surpreende que no seu processo de integração da figura feminina, Eduardo procurasse  reavaliar a herança materna, isto é, as ideias e sentimentos que a mãe lhe transmitira, representadas no sonho pela marmita. Os pais de Eduardo eram separados e ele vivia com a mãe e as irmãs mais velhas. Era uma casa onde o ponto de vista feminino dominava. Não era fácil para ele manter o seu ego masculino. No jogo de poder entre homens e mulheres Eduardo estava acostumado a perder e por isso desenvolvera uma forte defesa em relação a tudo que é feminino. O sonho mostra que sua saída era ir para a sala do chefe, isto é, identificar-se com o seu pai.

1 de setembro de 2012

Sonho - As mulheres surdas e mudas


A dificuldade que Eduardo tinha de relacionar-se com mulheres, a qual ele atribuía ao fato de não ser rico e bonito o suficiente, devia-se na verdade a imagem equivocada que ele fazia delas, como veremos no seu segundo sonho: “Eu estava na rua e via algumas mulheres que só tinham corpo da cintura para baixo. Alguém disse que deveriam avisa-las para terem cuidado, porque podiam ser atropeladas. Fui avisa-las, mas pensei: como vou avisa-las se elas não escutam, elas até podem escutar, mas como vão falar comigo?”
Eduardo só via as mulheres da cintura para baixo, ou seja, como objeto sexual. Ele adorava ler e tinha uma vasta cultura. Acreditava que não tinha como compartilhar esse conhecimento com as mulheres. Talvez a origem desse preconceito estivesse em sua infância: seu pai era  professor universitário e sua mãe, dona de casa. Para poder relacionar-se com as mulheres era preciso que ele as visse como pessoas, isto é, como personalidades completas, tão capazes de manter uma conversa inteligente quanto qualquer homem. 

25 de agosto de 2012

O sonho da aliança

Eduardo, 28 anos, nível universitário, trabalhava em uma multinacional. Achava que não sabia conquistar uma mulher, acreditava que para isso era necessário ter um carro zero importado e ter um corpo de atleta. Contou-me o seguinte sonho: "Uma conhecida me deu uma aliança de noivado. Fiquei muito surpreso, ao saber que estava namorando com ela. A aliança era prateada, tinha uma florzinha, achei muito estranho. Coloquei a aliança num dedo, com a florzinha para baixo para não ficar visível, a aliança não coube no dedo e coloquei no outro.
Ele associou a aliança com o anel do poder no filme O Senhor dos Anéis. Em geral, as pessoas associam a aliança com um símbolo de união e fidelidade. Porém ele associou com um símbolo do poder. É comum misturar amor com poder, nesse caso a relação torna-se uma eterna disputa para definir-se quem manda em quem, por isso as duas coisas devem ser separadas. A imagem que ele tinha do feminino era muito infantil (florzinha na aliança). Durante a terapia, a imagem do feminino foi se transformando como veremos nos próximos sonhos.

7 de julho de 2012

Sonho - :Deméter


Sonia, 57 anos, teve o seguinte sonho: Eu estava numa churrascada. Quem assava a carne era uma mulher. Vi, surpresa, que a mulher tinha colocado o seu filho embaixo da churrasqueira. Fiquei desesperada, o menino estava queimando, queria chamar o SAMU, mas não lembrava o número da emergência. A mulher me disse, tranquilamente, que não podia deixar seu filho pequeno sozinho em casa; por isso havia trazido ele ao trabalho com ela”.
Sonia,a sonhadora, é do signo de Câncer, regido pela Lua. A lua está associada a Grande Mãe Natureza na maior parte das mitologias. Mulheres regidas pelo arquétipo lunar tendem a ser maternais, protetoras, a dar muita importância a família. No mito grego, por exemplo, quando a filha única de Deméter desapareceu, a Deusa Mãe saiu vagando pelo mundo. Apresentou-se como babá em uma casa qualquer e ficou responsável pelo filho da família. Ela apegou-se ao menino e resolveu torna-lo imortal. Para isso, toda noite colocava-o sobre o fogo. Um dia, a mãe do menino viu Deméter colocando-o no fogo, ficou desesperada e expulsou a babá de sua casa, interrompendo assim o processo que o tornaria imortal. Por não compreender a intenção de Deméter, (isto é, por não compreender as leis divinas), acabou prejudicando o próprio filho impedindo-o de tornar-se imortal.
O sonho mostrava que Sonia estava agindo como a mãe do menino no mito: por excesso de preocupação com os filhos estava impedindo-os de crescerem espiritualmente.
Na realidade, Sonia estava em crise no casamento; superprotegia os filhos, inclusive o marido, que ela tratava como se fosse seu filho também, atrapalhando o crescimento de todos.

30 de junho de 2012

Sonho - deus Ares


Fábio, 28 anos, sonhou que o prendiam em uma rede de pesca, ele tentava se soltar, mas não conseguia.
Fábio é do signo de Áries, regido pelo planeta Marte. Na mitologia grega, Marte era chamado de Ares, o deus da guerra, dos amantes e dos dançarinos. Os homens regidos por esse arquétipo tendem a ser batalhadores e impetuosos, apaixonados, bons dançarinos e bons amantes e a dar muita importância a sua liberdade. Sentir-se tolhido, controlado, é o pior pesadelo dos homens Ares.
Conta o mito, no entanto, que Ares, quando era criança, foi preso pelos Titãs dentro de um jarro. Anos mais tarde, foi preso por Hefesto em uma rede. Assim, o sonho mostrava que a força guerreira, a capacidade de amar e a habilidade de dançar estavam aprisionadas na psique de Fábio.
Na realidade, Fábio estava em crise no trabalho, sentindo que seu potencial criativo não estava sendo aproveitado; estava com medo de não satisfazer sexualmente sua namorada; havia começado um curso de dança com a namorada e estava com receio de não ser capaz de dirigí-la.O sonho indicava claramente que Fábio precisava livrar-se da rede que o tolhia e recuperar sua autoconfiança, sua iniciativa, seu espírito guerreiro

23 de junho de 2012

Carro quebrado e roubado


João, 24 anos, contou-me: “Na segunda feira eu sonhei que o meu carro havia quebrado, fiquei desesperado. No dia seguinte fui no supermercado e, quando voltei ao carro, vi que tinham quebrado o limpador de para-brisas. O sonho tinha me avisado que alguma coisa ia acontecer com o meu carro. Nesta noite eu sonhei que haviam roubado o meu carro, fiquei mais assustado ainda, eu não queria vir de carro, mas minha mulher insistiu que eu viesse, pois ela queria uma carona. Eu estou com tanto medo que nem vou voltar de carro, vou deixar guardado no estacionamento e amanhã eu pego ele. O que a Senhora acha destes sonhos?”
Existem sonhos que nos avisam o que vai acontecer, por isto se eu fosse você “eu deixaria minha barba de molho”, mas mesmo que seja premonitório, ele também tem um significado simbólico: o carro é a maneira que você se locomove na vida, assim primeiro você não está conseguindo entender direito o que está acontecendo consigo (limpador de para-brisas quebrado), e segundo está sentindo-se perdido, sem saber o que fazer diante de situações difíceis que você deve estar vivendo.
Ele disse que realmente estava paralisado diante dos problemas que estava enfrentando e não sabia o que fazer.

16 de junho de 2012

Sonho - aposentadoria


Anita, na semana que aposentou-se, teve o seguinte sonho: “Eu estava numa reunião, semelhante as muitas que já participei. Sai da sala e fui esperar o elevador, um homem estava ao meu lado, apesar dele não estar fazendo nada que me ameaçasse, eu estava com medo dele. O elevador estava demorando, decidi ir pelas escadas e o homem também. Fomos descendo andar por andar até que ele desapareceu. Sai no térreo, a porta de saída abriu-se em minha frente, sai na rua e fiquei encantada ao ver que ainda havia sol. Antes eu trabalhava até tarde e nunca via o sol se pondo.”
Esse sonho é um belo símbolo do momento da aposentadoria. A pessoa passa anos investindo sua energia em um trabalho, quando aposenta-se fica perdida sem saber para onde canalizar toda essa energia, e, facilmente desperta o seu lado masculino/feminino destrutivo, que a leva a acreditar que a vida não faz sentido.
Anita sentia o aposentar-se como uma perda de poder (descer as escadas), tinha medo de ser dominada por seu lado masculino destrutivo, mas isto não aconteceu, ao contrário, pode ver a saída do trabalho como a liberdade almejada (o sol).

8 de junho de 2012

Sonho - construção desmoronando


Uma leitora do blog enviou-me a seguinte consulta:
“Vou citar a minha situação atual: tenho 30 anos, sou casada, sem filhos e estou desempregada há cerca de 6 meses, neste período venho me dedicando aos estudos para concurso público, vivo ansiosa por conta das obrigações financeiras e aguardando o edital do concurso o qual venho estudando.
Hoje sonhei que cai de um andaime e a queda era longa e que durante isto eu orava e quando caía, não me ocorria nada, estava sã e salva, esses andaimes seriam de um prédio que minha mãe estaria construindo, mas na vida real não está, e no sonho os meus tios e avó diziam que o prédio iria desmoronar, então eu dizia, o que o dêmonio derruba o Senhor levanta e sobrepõe, devo dizer que moro distante de meus tios e avós e que não gosto de ter contado com eles.”
O prédio pode representar a estrutura que você criou até esse momento de sua vida. Ao perder seu emprego você viu esta estrutura se desmoronar, e está ansiosa (queda) porque não sabe se conseguirá construir uma nova estrutura.
A sua vida profissional pode ter sido baseada nos desejos conscientes ou inconscientes de sua família, principalmente de sua mãe. Chegou o momento de você construir sua vida profissional de acordo com os seus próprios anseios.

2 de junho de 2012

Sonho - Introversão x extroversão


Um rapaz de 28 anos, que havia recentemente mudado de empresa, sonhou: “Eu estava dirigindo o meu carro. A noite estava muito escura. Eu tentava ligar os faróis, mas não sei por que eles não acendiam. Havia luz apenas dentro do carro. Eu já não estava no carro, estava dirigindo uma moto. Percebi que a moto estava tombando. Eu sabia que ia cair, tentava controla-la para o tombo não ser muito grande.”
Após quatro anos na mesma empresa, ele sentia-se seguro em sua posição, dirigindo sua própria vida profissional (o carro) e sua introversão natural não o atrapalhava (luz dentro do carro). A mudança do carro para a moto representa a mudança de empresa. Em sua nova posição (moto) precisava fazer contatos com seus novos colegas, a direção e os clientes, o que lhe exigia um esforço especial por ser naturalmente introvertido. E isso o deixava ansioso (medo de cair da moto)

14 de abril de 2012

Casais que não conversam


A possessão de um homem por seu lado feminino, ou de uma mulher por seu lado masculino, é causa da separação de muitos casais.
Essa possessão, como explicamos nas últimas postagens, aparece mais claramente em discussões que viram bate-boca. Nestes bate-bocas, em que a mulher torna-se cada vez mais convicta de que está com a razão, enquanto o homem assume cada vez mais o papel de incompreendido, de vítima, ambos saem machucados.
As feridas causadas pelas “verdades” ditas durante esses bate-bocas permanecem mesmo depois que o casal fez as pazes e, pouco a pouco, ambos vão se convencendo de que o diálogo não vale a pena. Não percebem, no entanto, que não houve diálogo – houve bate-boca, o que é muito diferente. Este equívoco tem conseqüências desastrosas para o casal, pois, para proteger-se do risco de ser profundamente magoados, eles deixam de conversar sobre coisas que são importantes para eles e para a relação.
Uma solução possível para casais apanhados nesta armadilha é aprender a controlar seu lado feminino e seu lado masculino. É difícil, mas vale a pena.

7 de abril de 2012

Mulher Moderna


Atalanta recusava-se a casar com um homem que não fosse capaz de derrotá-la na corrida. Como toda mulher competitiva, recusava-se a ficar com um homem que não fosse capaz de conquistar o seu respeito. Pretendentes não faltavam, pois Atalanta era uma mulher atraente. Quando o rei anunciou que a princesa casaria com quem a vencesse na corrida, a maior parte deles foi treinar e buscou a proteção nos templos de Ares, de Zeus, de Apolo, dos deuses que protegiam guerreiros e atletas. Um Príncipe, porém, foi  buscar ajuda a deusa do amor, Afrodite. Afrodite deu-lhe três maçãs douradas e disse-lhe para jogá-las uma por vez durante a corrida. O truque funcionou, Atalanta parou para pegar cada uma das maçãs e o Príncipe venceu a corrida e eles se casaram.
Como Atalanta, que confunde competição com amor, a tendência da mulher moderna é chegar em casa, depois de um dia exaustivo de trabalho, e continuar a tratar a pessoa amada como se fosse um concorrente profissional, o qual ela precisa vence-lo. Muitos homens entram no jogo e a relação termina em bate-boca. Mas, há homens que conseguem diferenciar jogo de poder e amor e estimulam a mulher a dar uma “paradinha”, mostram a ela o quanto o amor não pode ser uma competição eterna. 

31 de março de 2012

A mulher moderna


O mito de Atalanta é um dos mais “modernos” dos mitos gregos, pois Atalanta  é uma heroína que consegue conciliar amor e competição.
Atalanta era uma heroína que não se conformava com a superioridade masculina, competia com os maiores atletas olímpicos na corrida e outros esportes masculinos, e os vencia. Da mesma maneira a mulher moderna compete com os homens no mercado de trabalho e muitas vezes os vence.
Atalanta recusava-se a casar, mas seu pai, desejando um herdeiro, a pressionou e ela cedeu dizendo que só se casaria com uma condição: que um homem a vencesse numa corrida. Essa é uma imagem que mostra o desejo da mulher moderna competitiva: um homem que seja ao menos tão inteligente  e competitivo quanto ela, ao qual ela possa respeitar e compartilhar os afazeres e problemas do dia a dia.

24 de março de 2012

Mulher Moderna


Em uma sociedade tradicional os papéis masculino e feminino são claramente definidos. Deméter é a mãe; Core é a filha; Posídon é o pai e Hades o homem que rouba a filha para criar um novo lar e reiniciar o ciclo.
Na sociedade moderna os papéis estão indefinidos, pois a mulher também exerce funções antes ditas masculinas, como trabalhar fora para sustentar a família; e o homem exerce funções antes exclusivamente femininas, como cuidar do nenê e lavar a louça. Hoje, nos perguntamos: afinal o que é ser masculino ou feminino?
A mulher moderna ao acordar mobiliza seu homem interior e sai para a luta do dia a dia, faz e pensa em 10 mil coisas ao mesmo tempo, resolve mil pepinos; enquanto trabalha, coordena a distância sua casa, faz compras e paga contas pela Internet. Mas, quando chega em casa facilmente é “possuída” pelo seu homem interior, dirigindo o marido e/ou filhos como se fossem seus empregados, não tolerando erros de ninguém e muito menos os seus próprios. Muitas mulheres são torturadas pela obsessão de ver tudo limpo e organizado e não conseguem relaxar. A vida pessoal fica em cacos, pois tudo vira dever e obrigação, e já não é mais possível ficar apenas com quem se ama e esquecer um pouco da “máquina” que não para de girar.
Essa incapacidade de relaxar, de estar com o outro é sintoma da possessão de animus, é importante que a mulher perceba que está possuída, controle-se, negocie com a voz interior que não para de assoprar em seu ouvido: “Ih! não fui na farmácia. Não fiz isto ou aquilo. Fulano não fez o que eu mandei, etc”, respire fundo e curta uma noite gostosa consigo mesma ou com sua família.

17 de março de 2012

Mulher Deméter e seu lado masculino

Um arquétipo que está intimamente ligado aos arquétipos de Core e Hades é o arquétipo de Deméter. No mito grego, Core é a filha; Hades, aquele que a rapta e Deméter a mãe. Deméter era a deusa da natureza, a deusa das colheitas. Era uma deusa mãe sem marido. Foi possuída por Posídon, deus do mar, que, no entanto, nunca reconheceu Core como sua filha. Deméter criou-a sozinha. É a super-mãe, a grande-mãe, a mãe natureza.
As mulheres Deméter são evidentemente maternais. O instinto que domina a vida da mulher Deméter é evidentemente o instinto materno. A vontade de ser mãe e o prazer ao ver seus filhos crescerem.
O homem interior de uma mulher Deméter é semelhante ao mar, ora está calmo e tranquilo, criando um clima de aconchego e espírito de família; ora as ondas estão revoltas, quebrando violentamente na areia, arrastando tudo o que tem por perto, isto é, a mulher Deméter quando está possuída por seu lado masculino negativo, fica de mau-humor, raivosa, agredindo com palavras e às vezes até fisicamente, momentos depois a tempestade pode amainar e ela pode voltar ao normal.

10 de março de 2012

Anima Core


As mulheres Core são atraídas por homens Hades, ou seja, por homens que lhes passem uma sensação de força e segurança. Não são as únicas. As mulheres Hera, Atena e Demeter também buscam homens poderosos. Entre os arquétipos masculinos do tipo paterno, Hades se diferencia por ser o mais introvertido, o mais solitário. Os homens Hades não gostam de estar “no palco”, não gostam de festas e não têm paciência para as “superficialidades” da vida social.
Hades é o lado masculino de Core, da mesma maneira, Core é o lado feminino de Hades. Pode parecer surpreendente que o lado feminino de um homem Hades – poderoso, reservado e autoritário – seja uma menina mimada. Esse lado do homem Hades muito raramente vem á tona em público, somente quem o conhece na intimidade, como a esposa e os filhos, sabe que quando possuídos pela anima, ele torna-se uma menina mimada e sensível, que vive exigindo atenção da “mãe”-a esposa, reclamando sempre que se sente contrariado ou que seu caprichos não são satisfeitos.
No entanto, a união de um homem Hades com uma mulher Core, pode ser muito feliz. Desde que eles não sejam possuídos por seu animus e sua anima.

3 de março de 2012

Homem Interior Hades

Durante séculos os padrões de comportamentos mais valorizados na mulher foram Core, Demeter e Hera, padrões ligados às únicas funções que as mulheres exerciam na sociedade patriarcal: o de filha (Core), o de mãe (Demeter) e o de esposa (Hera). Em geral, o homem interior de cada uma delas tende a assemelhar-se ao seu “par” na mitologia. Core, por exemplo, casou-se com Hades – o Senhor do Submundo, o Reino dos Mortos, uma escura caverna subterrânea. As mulheres Core, quando dominadas por seu animus, tendem a cair em depressão profunda e fechar-se em si mesmas como se estivessem “presas no inferno”. O homem interior Hades é autodestrutivo: a agressividade da mulher ao invés de ser dirigida para fora, volta-se contra ela mesma. Ela torna-se hipersensível, interpretando qualquer comentário como uma crítica; se desvaloriza e perde toda alegria de viver, chegando a desejar a morte.
Mulheres Core, no entanto, nem sempre vão por esse caminho. Como “filhas” elas procuram homens fortes que possam dar-lhes uma sensação de segurança. Numa relação equilibrada, não há nada de errado com isto. Uma mulher Core sadia pode encontrar um homem que a compreenda, aumente sua auto estima e lhe dê segurança. Mas, esse é um caminho perigoso: se ela encontrar um homem forte e dominador, ele pode aumentar ainda mais sua insegurança criticando tudo o que ela faz de forma a garantir seu domínio sobre ela.
O importante, para uma mulher Core é ela perceber que este homem poderoso vive dentro de si e desenvolver sua própria auto estima e auto confiança, afastar-se de qualquer homem que tente diminui-la e ligar-se somente àqueles que a valorizam.

25 de fevereiro de 2012

Discussão de casal


Existem homens que passam a maior parte da vida possuídos pela anima, assim como existem mulheres dominadas pelo animus quase que o tempo todo. Esses são casos crônicos, que exigem tratamento especializado. Felizmente, a maior parte das pessoas é possuída apenas de vez em quando e sob certas circunstâncias.
É muito comum, por exemplo, uma discussão de casal ir pouco a pouco esquentando e despertando na mulher – o animus e no homem – a anima. Durante uma discussão que vira bate boca, a tendência é o homem ir se tornando cada vez mais venenoso em seus comentários e a mulher mais radical em suas colocações. Ambos vão ficando “fora de si” e sabem disto. Esse “fora de si” é a possessão.
Como sair dessa? Voltando a ser você mesmo. Isso não é fácil, exige auto-controle e humildade para perceber que você não precisa ganhar a discussão; que vocês podem voltar a falar desse assunto mais tarde, quando não estiverem “possuídos

18 de fevereiro de 2012

O homem interior


Assim como a Anima é o lado feminino do homem, o Animus é o homem que a mulher carrega dentro de si. É o aspecto  da personalidade que permite à mulher afirmar-se profissionalmente, ter iniciativa e ideias próprias. Hoje, mais do que nunca a mulher precisa desenvolver seu Animus para poder vencer e ter voz própria num mundo no qual os homens ainda dominam. O perigo é deixar-se dominar por ele.
A mulher dominada pelo Animus tende a acreditar que ela é  “dona da verdade”, está sempre com a razão, ás vezes, ela pode realmente estar certa. Mas, o animus faz com que ela se expresse de forma agressiva e autoritária e a discussão vira bate boca.
Porém a possessão de Animus pode se manifestar da forma oposta: levando a mulher a acreditar que ela é fraca, ineficiente, submissa, incapaz de dirigir sua própria vida, nutrindo fantasias de morte, sentindo-se torturada, deprimida pensando até em suicídio. Essa mulher tende a ser distraída, como se não estivesse plenamente presente – talvez com maneiras charmosas e femininas, mas tudo como se estivesse parcialmente adormecida.

Em suma, o animus pode levar a mulher agredir o outro (primeiro caso) ou a si mesma (segundo caso). Mas trata-se sempre de agressão e numa agressão alguém sempre sai machucado. Para uma mulher possuída o importante é reconhecer a possessão, tentar controlá-la e ativar as características positivas do seu homem interior: ver com clareza e objetividade o que está acontecendo, agir e falar no momento certo, ser criativa. Ao dominar seu lado masculino a feminilidade vem á tona, isto é, a mulher aprende a se colocar no lugar do outro, respeitar suas intuições, seus sonhos e fantasias.
As mulheres levaram anos lutando contra a tirania dos homens lá fora, agora precisam libertar-se da tirania do homem que trazem dentro de si.

11 de fevereiro de 2012

Anima

A Anima é o lado feminino do homem. Não deve ser reprimida: o homem que reprime a anima torna-se árido, autoritário e "dono da verdade". Se, ao invés de reprimi-la, o homem deixar-se dominar por ela, torna-se "um coitadinho"; sem a presença da anima na psique masculina, os homens não seriam capazes de conviver em sociedade. É a anima quem lhe dá seus sentimentos, sua intuição, sua capacidade de amar, sua sensibilidade à natureza, sua receptividade ao que é irracional, seus sonhos e fantasias.
Um traço importante do feminino é a capacidade de colocar-se no lugar do outro, um homem que reprime a mulher dentro de si também oprime as mulheres que o cercam; para casar com um homem assim a mulher tem que submeter-se a sua autoridade e nunca conseguirá realizar-se.
O homem quando está dominado por seu lado feminino (independente de sua opção sexual) fica nervoso, irritado, de mau humor, sentindo-se magoado por qualquer coisa, um pobre coitado incompreendido pela mulher, vítima de tudo e de todos, nutrindo pensamentos sombrios, fazendo comentários negativos, etc.
Sem poder reprimi-la, nem deixar-se dominar por ela, o homem precisa aprender a conviver com sua anima. Precisa integrar a sensibilidade, as emoções e a tolerância que ela lhe inspira em sua personalidade masculina e perceber quando está sendo dominado por seus aspectos negativos e controlar-se.

4 de fevereiro de 2012

João e Maria apaixonam-se. João tem certeza que encontrou, finalmente, a mulher ideal; Maria conta para todas as suas amigas que João é, com certeza, o homem de seus sonhos. Até o momento em que começam as discussões. João se queixa aos amigos: eu não sei o que acontece, mas às vezes Maria parece ser outra mulher, parece que está com o diabo no corpo. Maria diz para as amigas: Eu adoro João, mas ele, às vezes, fica insuportável, parece um menino chorão.
Quando duas pessoas se apaixonam, apaixonam-se inevitavelmente pela imagem que formam da pessoa  amada. Mas essa imagem, a primeira, nunca é completa: há sempre aspectos da pessoa que só se revelam com o tempo. Um dos aspectos que uma mulher sempre demora a descobrir no homem pelo qual se apaixonou é o “o menino chorão” dentro dele, o lado feminino, o qual Jung chamou de Anima. Da mesma forma, o homem dentro da mulher, que Jung chamou de Animus e João descreveu como “o diabo no corpo” de Maria, só se revela com o passar do tempo.
Na verdade, em todo relacionamento há 4 “pessoas” relacionando-se: João e o menino chorão (seu lado feminino que faz ele comportar-se como uma vítima), Maria e seu lado masculino (que acredita estar sempre com a razão). Essa é uma dinâmica que, quando mal compreendida, destrói muitos relacionamentos que teriam tudo para dar certo. É sobre essa questão que eu vou conversar com vocês nas próximas semanas.