30 de agosto de 2013

novo endereço

Pessoal

Agora estou num novo endereço, adoraria que vocês dessem uma olhada:

ceciliafpsicologa.wordpress.com

16 de junho de 2013

Pressa

óleo s/tela - Petia
Anos atrás, eu e meu marido nos mudamos para Cabrália, no sul da Bahia. A sala era grande com janelas de vidros, assim a vizinhança via a minha movimentação. Uma semana depois da chegada do caminhão de mudança eu estava arrumando a varanda, quando um senhor passou em frente à casa, parou e perguntou:
- A senhora é doente?
- Não. Porque você está perguntando?
- É que a senhora não para quieta, está sempre fazendo alguma coisa.
- Eu mudei de casa há pouco tempo, preciso por tudo em ordem.
- Tem tempo, minha filha, tem tempo.

Pensei:  Será que o povo baiano não tem razão? Resolvi dar uma parada, sentei na varanda, olhei  para o céu e não acreditei no que vi: uma revoada de andorinhas dançando no céu formando um balé maravilhoso. Aprendemos nos grandes centros urbanos que quanto mais depressa melhor, mas C.G.Jung tinha razão: a pressa é coisa do Diabo.

9 de junho de 2013

Projeção

Quando temos vontade de meter o dedo na cara de alguém e acusá-lo disso ou daquilo, é bom nos perguntarmos antes se não estamos nos comportando do mesmo jeito. Por exemplo, acusamos o outro de não nos visitar nunca, mas quando foi a última vez que nós o visitamos? Ou ligamos para essa pessoa?
Conta uma história popular que um velho vivia reclamando que o mundo fedia, até o dia que descobriu que era o seu bigode que estava sujo.

1 de junho de 2013

Viva o Feriadão!

Conta Heródoto que havia um faraó, chamado Amasis, que trabalhava dedicadamente durante todo o dia. Após a ceia, ele bebia e brincava com os seus hóspedes, passando o tempo em conversas agradáveis. Alguns de seus assessores, porém, achavam que dessa forma ele se diminuía. Que não era digno de um rei comportar-se como um mortal. Um rei devia permanecer sentado em seu trono, acima dos seus súditos, que assim se convenceriam de que eram governados por um Grande Homem.
Amasis respondeu: "Os arqueiros esticam os seus arcos quando vão usá-los; quando não estão usando os arcos, eles os afrouxam. Senão os afrouxassem, os arcos não funcionariam". O mesmo acontece com os homens: se trabalharem dia e noite, sem nunca relaxar, eles enlouquecem.
Por isso, relaxe e curta seu feriadão.

25 de maio de 2013

Ponto de vista

Certa vez meu marido, que é mais alto do que eu, olhou pelo vitrô da cozinha e disse-me: você viu como está bonito o nosso jardim? Eu fiquei surpresa, pois, em pé ao seu lado eu só via um galhinho de uma planta. Ele entendeu a minha cara de surpresa, abaixou-se até ficar da minha altura, olhou pelo vitrô, riu e disse: desse ângulo não dá para enxergar nada! Suba nesse banquinho e veja. Subi. Lá de cima, podia ver o jardim que estava, de fato, muito lindo.
Algo simples, mas que mostrou-me que duas pessoas que vivem a mesma experiência têm, na verdade, visões diferentes da mesma realidade. Quando batemos o pé dizendo que temos razão é bom não esquecermos de ver o ponto de vista do outro.

18 de maio de 2013

Poder do Elogio

Acordamos correndo com todas as antenas ligadas para resolvermos questões práticas e entrarmos no ritmo do trabalho. Nessa agitação, viramos para o nosso companheiro ou companheira  ditamos uma lista de coisas que ele ou ela precisa fazer, como se ele(a) não soubesse. Mais tarde surgem as cobranças: você fez isto, você fez aquilo, porque você não fez tudo que era necessário?
Nos finais de semana não é muito diferente, porque as atividades sociais tornam-se obrigações e assim a vida passa e o casamento entra em crise, com os dois reclamando por falta de valorização e reconhecimento.
Tente fazer um teste: esquecer de fazer listas para si e para o outro e confiar que cada um tem consciência de suas responsabilidades, ao invés de pegar no pé do outro por tudo que ele ou ela não fez, mostrar tudo o que o outro fez de bom. Parece algo simples, mas no dia a dia apenas nos lembramos de mostrar os defeitos e esquecemos de apontar as qualidades do outro.

13 de abril de 2013

Enfrentando a doença

óleo s/tela - Petia

Um grande inimigo que enfrentamos no caminho da vida é a doença, seja a nossa própria ou de algum ente querido. Quando adoecemos somos carregados pelo sentimento de autopiedade quase que imediatamente, achamos natural ficarmos de mau humor, se a doença é grave sentimos o espírito da morte muito próximo de nós.
Muitas pessoas que eu amo tiveram câncer ou outras doenças que poderiam ser mortais e quase todas superaram ou estão se recuperando. Foi com elas que aprendi que ter pena de si mesmo é um veneno que piora ainda mais o estado de saúde, que o mau humor afasta as pessoas em volta, no momento em que mais precisamos delas; a única forma de superar o espírito da morte parece ser aceitarmos o fato de sermos humanos, portanto vulneráveis e enfrentarmos a doença mantendo o bom humor.

6 de abril de 2013

Envelhecer

Gravura digital Petia

O conceito de velhice mudou nos últimos anos, a medicina avançou  e agora fazemos 40 anos e ainda somos  jovens. Essa mudança nos leva  a repensar o que é ser velho e mudar nossa atitude diante do envelhecimento.
O ser humano sempre teve que enfrentar  as limitações do corpo que vão surgindo com o passar dos anos. Agora a medicina indica caminhos  para aprendermos a lidar com essas  limitações: exercícios físicos, dieta  saudável, leitura, atividades criativas, etc, ou seja, exercitar  a mente e o corpo.
A medicina  tem, além de conselhos, instrumentos mais diretos para lidar com os sinais de envelhecimento: pílulas para manter homens e mulheres sexualmente ativos, tratamentos para controlar doenças crônicas e agudas e cirurgias plásticas para evitar outras marcas da velhice.
Tão importante como cuidar do corpo é manter-se jovem em espírito. Continuar aprendendo, ousando novas  experiências, viajando para lugares onde nunca estivemos antes. isto é, escapando da rotina monótona que caracteriza o conceito pejorativo de “velho”.

30 de março de 2013

Velhice

óleo s/tela - Petia

Outro inimigo que o guerreiro (todos nós) encontra em seu caminho é a velhice.
Vivemos nossas vidas com a sensação de sermos imortais, até o momento em que vamos ao médico reclamar de alguma dor e ele nos diz: isso é normal em sua idade. A verdade é que as mudanças em nossos corpos são tão lentas que mal notamos, a gente continua se vendo por dentro como sempre foi – são os outros que notam que envelhecemos.
Certa vez eu disse para uma mulher de 20 anos: Nossa! Como o tempo passa depressa! Ela respondeu-me: minha mãe também diz isto. Fiquei surpresa, pois pensei que era uma sensação comum a todos e não um sinal de velhice.  Lembrei-me das palavras de um personagem de Gabriel Garcia Marques ao completar 90 anos: “...comecei a medir a vida não pelos anos, mas pelas décadas. A dos cinqüenta havia sido decisiva porque tomei consciência de que quase todo mundo era mais moço que eu. A dos sessenta foi a mais intensa pela suspeita de que já não me sobrava tempo para me enganar. A dos setenta foi temível por uma certa possibilidade de que fosse a última.”
A velhice nos traz a consciência de que somos mortais e que, portanto, não podemos deixar que pequenos incômodos e contrariedades nos impeçam de aproveitar o tempo que nos resta e ser felizes.

23 de março de 2013

A Clareza

Ilustração Petia

O objetivo do processo psicoterapêutico é obtermos a visão da águia, isto é, mantermos um distanciamento emocional da realidade, para podermos enxergar com  clareza o que está acontecendo e atuarmos da melhor maneira possível.
A águia voa silenciosa e tranquila pelo céu, vê toda a paisagem e enxerga com clareza e precisão.
Eu sempre digo aos meus pacientes que se colocarmos nossa  mão próxima aos olhos, nós não conseguimos enxerga-la, basta afasta-la que a vemos com clareza.
Mas existe um perigo: quando somos muito terapeutizados ou adquirimos um conhecimento maior da vida, enxergarmos com tanta clareza a situação e o que vai acontecer que deixamos de nos envolver emocionalmente com a vida e nos tornarmos pessoas frias.

16 de março de 2013

Nosso poder


Reconhecer o nosso próprio poder é percebermos que nossos humores, palavras, atitudes, decisões, interferem fortemente nas pessoas que estão em nossa volta.
Podemos exercer nosso poder não levando o outro em consideração, por exemplo, o homem que compra um carro novo para a mulher sem permitir que ela decida qual carro comprar; a mulher que fuça no celular do marido sem a permissão dele e milhões de outros exemplos que vemos no dia a dia.
Ou podemos exercer o nosso poder estimulando o que há de melhor no outro, tornando o ambiente em nossa volta agradável.
Ilustração Petia

9 de março de 2013

O Poder


Ao escaparmos do papel de vítima, ao controlarmos o medo, adquirimos poder.
Percebemos que nossas vidas não são apenas levadas pelos acontecimentos, e sim que somos nós que remamos os nossos próprios barcos.
Reconhecer nosso próprio poder é perceber que num confronto, se o outro for muito mais forte do que nós, o melhor a fazer é escapar, se o outro for semelhante a nós, o melhor é enfrentar, se for mais fraco, o melhor é termos compaixão. E que nem em todas as relações, o outro é uma caça e nós o caçador.

1 de março de 2013

O Medo


Além de alertar contra a autopiedade, D.Juan, o xamã mexicano, também nos alerta contra o medo. O medo está presente em todas as fases de nossas vidas: quando crianças sentimos medo ao começar a andar, a falar, a ir para escola; na adolescência, temos medo de escolher a profissão errada, de ficarmos sozinhos. Mais tarde, sentimos medo de assaltos, de ser seqüestrados, de sofrer um acidente, da falência física ou financeira..
Não há nada de errado em sentir medo. Todos sentem medo. O medo faz parte da natureza e é até necessário, porque é ele que nos avisa do perigo e nos ensina cautela.
D.Juan nos ensina que, se quisermos viver plenamente, precisamos encarar o medo e dominá-lo.  A questão não é não sentirmos medo, e sim, seguirmos em frente apesar dele.

22 de fevereiro de 2013

Lições de um xamã


Li pela primeira vez uma obra de Carlos Castaneda, 
o autor do livro Erva do Diabo, em um momento difícil de minha vida, quando meu marido foi diagnosticado com uma doença que podia ser fatal. 
Esperava ler um livro sobre drogas, mas, para minha surpresa, não era nada disso. O livro descrevia, nas palavras de um xamã mexicano, D.Juan, como os índios de sua etnia encaravam a vida enfrentavam e as dificuldades que todos nós enfrentamos: medo, insegurança, doença, velhice,  etc.
A pergunta que eu me fazia nessa época, e para a qual eu não tinha resposta, era porque isto (a doença de meu marido) havia acontecido conosco. É uma pergunta que todos nos fazemos quando somos atingidos por uma desgraça, um acidente, a morte de alguém querido, ou mesmo quando aquilo que desejamos ardentemente nos é negado. 
Os ensinamentos do xamã indígena, D.Juan, me ajudaram a perceber que eu, mais que resposta a minha pergunta, estava adotando o papel de vítima, sentindo pena de mim mesmo, e que precisava lutar contra esse inimigo, pois a autopiedade é um veneno que enfraquece nossas almas e nos torna impotentes..