14 de junho de 2009

Métis

Muito antigamente, Métis era a deusa da sabedoria feminina. A sabedoria feminina é diferente da sabedoria masculina - ela não brota apenas do raciocínio ou da lógica, mas envolve sentimento e intuição além de pensamento. Quando Zeus, o novo e todo poderoso senhor do Olimpo, no entanto, teve seu caso com Métis, a velha religião já havia sido abandonada, e ela já era vista como uma deusa arcaica, menor, quase esquecida.
Porém havia uma profecia, anterior à chegada de Zeus, que dizia que ele teria dois filhos com Métis, uma menino e uma menina, e que o filho destronaria o pai. Por isto, quando engravidou Métis, Zeus a encolheu e engoliu, evitando assim ser destronado. Alguns meses mais tarde, a deusa Atena nasceu da cabeça de Zeus.
A partir daí, a sabedoria feminina foi desvalorizada, e em seu lugar surgiu a supervalorização do lado racional. Vemos isto acontecer nos dias de hoje. A mulher é treinada a agir de forma prática e racional. Aprende que não é adequado expressar seus sentimentos, e suas intuições são consideradas fantasias sem fundamento.
Antigamente, quando alguém se desabafava com uma mulher, o que se esperava dela era compreensão, sensibilidade, um abraço gostoso, carinho. Hoje, o que se espera dela é que apresente soluções práticas para o problema: onde ir, o que fazer, quem procurar, etc. Parece que o abraço e o carinho se tornaram desnecessários.
Será que o filho de Zeus não deve nascer mesmo? Afinal, ele seria fruto da união da sabedoria feminina e masculina. Porque não recuperar Métis dentro de nós, reagir diante das situações que se apresentam no dia a dia fazendo uso de nossa sabedoria feminina, a qual ainda vive dentro de todas nós, isto é, o que manda o coração (sentimento) e respeitando nossas intuições, além do pensamento?

Um comentário:

Valeria disse...

Olá Cecília,

Acredito que o filho de Zeus, união de sentimento e razão como você comenta, nasce em cada pessoa que busca uma maneira mais evoluída de viver e conviver.

ADOREI o texto.

Valéria