30 de março de 2013

Velhice

óleo s/tela - Petia

Outro inimigo que o guerreiro (todos nós) encontra em seu caminho é a velhice.
Vivemos nossas vidas com a sensação de sermos imortais, até o momento em que vamos ao médico reclamar de alguma dor e ele nos diz: isso é normal em sua idade. A verdade é que as mudanças em nossos corpos são tão lentas que mal notamos, a gente continua se vendo por dentro como sempre foi – são os outros que notam que envelhecemos.
Certa vez eu disse para uma mulher de 20 anos: Nossa! Como o tempo passa depressa! Ela respondeu-me: minha mãe também diz isto. Fiquei surpresa, pois pensei que era uma sensação comum a todos e não um sinal de velhice.  Lembrei-me das palavras de um personagem de Gabriel Garcia Marques ao completar 90 anos: “...comecei a medir a vida não pelos anos, mas pelas décadas. A dos cinqüenta havia sido decisiva porque tomei consciência de que quase todo mundo era mais moço que eu. A dos sessenta foi a mais intensa pela suspeita de que já não me sobrava tempo para me enganar. A dos setenta foi temível por uma certa possibilidade de que fosse a última.”
A velhice nos traz a consciência de que somos mortais e que, portanto, não podemos deixar que pequenos incômodos e contrariedades nos impeçam de aproveitar o tempo que nos resta e ser felizes.

Um comentário:

Anônimo disse...

Já há "algum tempo" (na medida de alguém tem ainda 26), eu percebo que o tempo corre mesmo diferente em cada época da vida.
Quando somos crianças, cada dia conta, pois cada pequena descoberta é uma grande descoberta. Uma palavra nova, um caminho para casa, um rosto diferente, tudo é significativo.
Nas adolescências, tudo é muito intenso também. Mas cada dor e alegria perdura por semanas ou meses. Cada ano é decisivo. Aos 19 já olha para os 17 com imensa distância.
Passado os 21, tudo que veio antes da casa dos dois décimos parece uma outra vida.
Acabei de atravessar os 25, e tudo já é muito diferente. Mas as coisas parecem um pouquinho (mas um pouco mesmo) mais lentas. Às vezes até me surpreendo, e quando me dou por mim, me pergunta "caramba, msa já?como foi que eu vim parar aqui?".
Imagina logo mais... Imagina.