15 de novembro de 2009

Sonhos - ônibus

Um homem de 40 anos, engenheiro, que ocupava um cargo importante em uma multinacional, sonhou que estava num ônibus. De repente, ele se deu conta que o ônibus estava andando em círculos, e que, deste jeito, ele não ia chegar a lugar algum. Desceu do ônibus e continuou a pé. Não soube dizer se chegou a algum lugar. Mas acordou aliviado.

Sonhos em que o sonhador se encontra em um ônibus não são raros. Outra cliente, uma mulher de aproximadamente 30 anos, casada com um homem bem sucedido nos negócios, me contou que havia sonhado que era a cobradora em um ônibus urbano.

Esta mesma mulher, quando havia vindo me procurar, havia me dito que só estava ali porque o marido tinha insistido que ela fizesse terapia. Na opinião dela, quem precisava de terapia era o marido, e não ela. Perguntei por que, e ela me disse que ele não sabia se comportar em sociedade: se vestia mal, ria e falava alto demais em lugares públicos, contava piadas sem graça, etc. Era um vexame.

Vamos começar pelo sonho do homem. Ele já havia me contado que se tornara engenheiro apenas para corresponder às expectativas das pessoas a sua volta. Havia conseguido dinheiro e status, como se esperava dele. Mas, não se sentia feliz. O que ele sempre quisera ser era fazer música.

O ônibus é um veículo coletivo, segue uma rota pré-determinada, que nenhum passageiro tem o poder de mudar. Ele representa as expectativas coletivas, a rota traçada para nós pela sociedade, as expectativas às quais meu cliente sempre havia tentado corresponder. Se quisesse seguir sua própria rota, ele seria obrigado a se desligar destas pressões sociais e seguir a pé, isto é, encontrar o seu próprio caminho.

No caso da mulher, o ônibus representava as expectativas coletivas a respeito do comportamento adequado em uma sociedade bem educada, “chic”, a classe social a qual ela sentia pertencer, e sua frustração com o marido que se comportava como um “grosso”. Eu perguntei a ela se não estava agindo como uma cobradora em sua relação com o marido, e provavelmente com outros. Ela não vivia cobrando deles que se comportassem melhor? Ela ficou perplexa, num primeiro momento, mas depois admitiu que vive “pegando no pé” de todo mundo.

Um comentário:

Nath disse...

Oi Cecília! Adorei o tema de hoje, nunca tinha ouvido falar. Eu, particularmente, nunca sonhei com um ônibus, mas já sonhei bastante dentro de um, hehehe. Um beiijo, Nath