4 de setembro de 2010

Sonhos - balanço

“Um criminoso internacional que já tinha assassinado dez ou doze pessoas, um tipo de criatura patológica que cometia assassinatos a sangue-frio sem a menor reação da consciência, matou um velho desconhecido numa rua de Zurique, pegou seu dinheiro e foi preso. O Dr. Guggenbuhl-Craig foi indicado para dar à corte a opinião de um especialista em psiquiatria, apurando se o homem era responsável ou não por seus atos. O Dr. Guggenbuhl teve a idéia inteligente de investigar os sonhos desse homem, contando-os a mim a ao Dr. Riklin, sem mencionar a história completa. Ele simplesmente nos perguntou o que achávamos de um homem de quarenta anos que tinha tido tais sonhos. Naturalmente eu não sabia que o sonhador era um assassino patológico, mas disse literalmente: “Largue mão, deixe esse homem em paz, ele é uma alma perdida”. O sonho em questão era muito simples e se repetia com freqüência; nesse sonho o assassino ia a um parque de diversões onde havia enormes balanços. Ele estava num tal balanço, balançando para cima e para baixo, cada vez mais alto, quando de repente o balanço subiu demais e ele caiu no espaço vazio. Este era o fim do sonho.

Eu pensei: “Meu Deus, balançar entre os opostos, como se fosse um prazer, sem nenhuma reação, achando que é brincadeira!” E a lisis, na sentença final do sonho, era: “caindo no espaço vazio”, sem ao menos a reação de “então acordei com um grito”. Não havia reação emocional. Eu só poderia dizer que esta era uma alma perdida. Eu senti, visando uma imagem pictórica, como se Deus tivesse dado sua alma por perdida. Não existe no sonho nenhuma tentativa, por parte da natureza, de salva-lo através de um choque.”

A primeira vez que li essa interpretação de Marie Louise von Franz fiquei muito impressionada, depois, na minha experiência profissional pude constatar que os sonhos podem nos dar o diagnóstico da pessoa.

Um comentário:

Nath disse...

Nossa, isso é quase assustador! =O
Mas adorei, mesmo assim, hehehe.