Gleide, 50 anos,
procurou-me porque havia sido pro movida a gerente e queria desenvolver sua
capacidade de liderança.
Vestida com um
terninho marrom, quase da mesma cor de sua pele, dava-me a impressão de querer
ser invisível e sua postura a de estar vestida com uma armadura.
Nas sessões seguintes
ficou claro o seu desejo de controlar, na tentativa de tornar sua vida mais
segura. Junto com o controle, no entanto, vinha uma dose exagerada de
responsabilidades, deveres e a sensação de exaustão.
Essa necessidade de
controle era devido ao medo do irracional e portanto, o eliminava tanto quanto
possível de sua vida. O irracional era associado com o tornar-se alcoólatra e
irresponsável, como acontecera com seu único irmão. Com isto, ela se sentia
alienada da espontaneidade e do inesperado, que são, justamente, os elementos
que dão sabor e encanto à vida.
O seu primeiro sonho
foi o seguinte: “Estava procurando o meu carro e não conseguia encontrá-lo. Eu
não tinha certeza se alguém havia roubado, ou se eu não lembrava onde havia
estacionado. Cheguei em frente a casa onde eu morava na minha infância e vi que
a casa havia sido demolida, só havia o terreno. Fiquei contente, porque assim
eu poderia construir uma nova casa da minha maneira”.
O sonho era promissor.
Ela estava procurando seu carro, isto é, uma maneira de dirigir sua própria
vida. No processo ela teria de despedir-se do seu passado, período mais difícil
de sua vida, e reconstruir sua história.
Um comentário:
Cecília, fiquei muito feliz que você voltou a escrever!
Adoro ler as análises destes sonhos, é sempre inspirador!
Continue!!
Abraços e saudades,
Nathália
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