3 de setembro de 2011

Sonhos - carro


Gleide, 50 anos, procurou-me porque havia sido pro movida a gerente e queria desenvolver sua capacidade de liderança.
Vestida com um terninho marrom, quase da mesma cor de sua pele, dava-me a impressão de querer ser invisível e sua postura a de estar vestida com uma armadura.
Nas sessões seguintes ficou claro o seu desejo de controlar, na tentativa de tornar sua vida mais segura. Junto com o controle, no entanto, vinha uma dose exagerada de responsabilidades, deveres e a sensação de exaustão.
Essa necessidade de controle era devido ao medo do irracional e portanto, o eliminava tanto quanto possível de sua vida. O irracional era associado com o tornar-se alcoólatra e irresponsável, como acontecera com seu único irmão. Com isto, ela se sentia alienada da espontaneidade e do inesperado, que são, justamente, os elementos que dão sabor e encanto à vida.
O seu primeiro sonho foi o seguinte: “Estava procurando o meu carro e não conseguia encontrá-lo. Eu não tinha certeza se alguém havia roubado, ou se eu não lembrava onde havia estacionado. Cheguei em frente a casa onde eu morava na minha infância e vi que a casa havia sido demolida, só havia o terreno. Fiquei contente, porque assim eu poderia construir uma nova casa da minha maneira”.
O sonho era promissor. Ela estava procurando seu carro, isto é, uma maneira de dirigir sua própria vida. No processo ela teria de despedir-se do seu passado, período mais difícil de sua vida, e reconstruir sua história.

Um comentário:

Nath disse...

Cecília, fiquei muito feliz que você voltou a escrever!
Adoro ler as análises destes sonhos, é sempre inspirador!
Continue!!
Abraços e saudades,
Nathália