A dificuldade que
Eduardo tinha de relacionar-se com mulheres, a qual ele atribuía ao fato de não
ser rico e bonito o suficiente, devia-se na verdade a imagem equivocada que ele fazia delas, como veremos
no seu segundo sonho: “Eu estava na rua e via algumas mulheres que só tinham
corpo da cintura para baixo. Alguém disse que deveriam avisa-las para terem
cuidado, porque podiam ser atropeladas. Fui avisa-las, mas pensei: como vou
avisa-las se elas não escutam, elas até podem escutar, mas como vão falar
comigo?”
Eduardo só via as
mulheres da cintura para baixo, ou seja, como objeto sexual. Ele adorava ler e
tinha uma vasta cultura. Acreditava que não tinha como compartilhar esse
conhecimento com as mulheres. Talvez a origem desse preconceito estivesse em
sua infância: seu pai era professor
universitário e sua mãe, dona de casa. Para poder relacionar-se com as mulheres
era preciso que ele as visse como pessoas, isto é, como personalidades
completas, tão capazes de manter uma conversa inteligente quanto qualquer
homem.
Um comentário:
A boa e velha herança do patriarcado...
Além do exemplo familiar, este estereótipo da mulher 'surda e muda' ainda é explorado ao extremo, na mídia, nas relações sociais... Na publicidade, a mulher tem 3 estereótipos básicos: consumidora compulsiva (Gisele Bundchen na propaganda da Hope, por exemplo), consumidora-chefe do lar e da família (produtos de limpeza, alimentos, etc), e objeto de consumo, junto do produto anunciado (como as propagandas de cerveja).
Não condeno o indivíduo que enxergou a mulher assim... até um momento de tomada de consciência.
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